sábado, 26 de maio de 2012

O que podemos esperar da Rio+20?

Por Jacqueline Motta (A00011)

Em junho deste ano ocorrerá, no Rio de Janeiro, a Conferência do Clima, organizada pela ONU (Organização das Nações Unidas), mais conhecida como Rio+20. Essa conferência ocorrerá 20 anos depois da ECO-92. O evento reunirá representantes de governo de 193 países e o tema principal que será discutido será o da promoção de uma economia verde, tentando definir um objetivo comum de desenvolvimento pelos diversos países para as próximas décadas.

Mesmo antes de começar, a conferência tem sido alvo de grandes polêmicas na mídia. Enquanto os responsáveis pela organização do evento defendem que tanto os empresários como as questões econômicas e sociais devem ser incluídos na discussão, em função dos efeitos da crise financeira internacional, a queda no PIB (Produto Interno Bruto) em alguns países europeus, as evidências do desaquecimento da economia mundial e do desemprego, outros especialistas e economistas do mundo todo alegam que a ONU e a organização brasileira do evento estão desviando a atenção do debate dos problemas ambientais, que mostram, cada vez mais, evidências científicas de piora.

De acordo com os críticos, o que os organizadores da conferência estão querendo defender é que as inovações tecnológicas que vêm ocorrendo são capazes por si só de resolver os problemas ambientais atuais. Há realmente evidências de grandes evoluções na área da economia verde, mas também sinais de ocorrência de uma degradação ambiental cada vez maior. Ricardo Abramovay, em seu artigo na Folha de São Paulo de março deste ano, diz que um estudo da KPMG demonstrou que, no ano de 2011, cada dólar do PIB global foi conquistado com uma redução de 21% das emissões de gases efeito estufa e 23% a menos de utilização de recursos, comparados a dados de 1990. Apesar da redução das emissões por dólar de PIB, houve aumento da produção e do consumo mundial e, como resultado desse aumento, houve uma elevação de 39% das emissões de gases que causam o aquecimento global e de 41% na extração de recursos naturais.

A Convenção do Clima foi assinada durante a Conferência da ECO-92, mas foi o lançamento do documentário de Al Gore, "Uma Verdade Inconveniente" , no final do ano de 2006 e a publicação do quarto relatório do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) sobre mudanças climáticas, intitulado "Novos Cenários Climáticos", no início de 2007, que despertaram novamente a discussão sobre o aquecimento global e seus possíveis efeitos para as várias partes do planeta. O relatório do IPCC era bastante pessimista e foi publicado num período em que várias partes do mundo passavam por catástrofes naturais como enchentes, furacões, secas, etc. Apesar de alguns cientistas contestarem o relatório do IPCC, juntamente com o documentário de Al Gore ele reacendeu a discussão na mídia e a população, de todas as classes sociais, começou a se preocupar e a discutir o problema do aquecimento global. Em função disso, tanto o IPCC como Al Gore dividiram o Prêmio Nobel da Paz de 2007.

A partir daí, a população começou a exigir mudanças nos processos produtivos das empresas e, estas, independentemente da existência ou não de exigências de políticas regulatórias dos países em que se instalaram, por pressões sociais, começaram a introduzir mudanças em seus processos produtivos. O problema é que a crise financeira internacional se agravou em 2008 e parte das pessoas que se preocupavam com o aquecimento e suas evidências, passaram a se preocupar em garantir seu emprego. As empresas, por sua vez, passaram a se preocupar em cortar custos.

Os efeitos da crise econômica continuam, principalmente em alguns países europeus. Hoje já se discute até a permanência ou não de alguns países como a Grécia na zona do euro. É nesse cenário que vai ocorrer a Rio+20, em que do famoso tripé da sustentabilidade - os pilares econômico, social e ambiental - atualmente, os pilares que mais preocupam os governantes são os dois primeiros, apesar das evidências de deterioração do cenário ambiental.

Vários especialistas acreditam que as discussões da Rio+20 desencadearão um retrocesso e uma cortina de fumaça em relação à discussão principal que deveria permear o evento, que seria a redução dos padrões de consumo global. A preocupação é que, em função da crise nos países europeus, a ênfase na discussão dos pilares econômico e social ofusquem o pilar ambiental na mesa de debates da Rio+20. Só nos resta torcer para que eles estejam equivocados.

Carmen Varela é professora do curso de graduação e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Administração do Centro Universitário da FEI (Fundação Educacional Inacia).

Fonte: Site Administradores

terça-feira, 22 de maio de 2012

Vídeos sobre reciclagem

Por Tatiani Coimbra (M00018)

No dia 27 de Abril, o Globo Repórter fez uma matéria sobre a reciclagem no Brasil. A reportagem mostra um catador de lixo que ganha a vida com a reciclagem e mesmo não tendo estudo ministra palestras no Brasil e em outros países. Em uma escola em Porto Alegre crianças aprendem a ter uma consciência ambiental. No Rio de Janeiro, uma oficina mecânica reaproveita pneus e outros materiais que normalmente seriam  jogados no lixo. 

Assista abaixo a reportagem:









quinta-feira, 17 de maio de 2012

O resultado do desperdício

Por Tatiani Coimbra (M00018)

É realmente verdade o que diz a frase: “Você é o que você come”. Você já parou para pensar naquele resto de comida do seu prato, para aonde ele vai? Para o Lixo. E esse é um dos maiores problemas ambientais no mundo. Segundo dados da FAO, o órgão das Nações Unidas que trata de alimentação e agricultura, mostram que a cada ano 1,3 bilhão de toneladas de comida, cerca de um terço de tudo o que se produz são jogadas fora, perdidas ou manipuladas de forma indevida.

No Brasil, são mais de 25 milhões de toneladas de alimentos que vão parar no lixo todo ano, montante equivalente a 12 bilhões de reais e suficiente para alimentar 30 milhões de pessoas. Nos Estados Unidos, desperdiça-se ainda mais: a EPA, agência de proteção do meio ambiente, calcula que 30 milhões de toneladas de comida sejam eliminadas - de longe a maior parcela dos resíduos sólidos, em peso. Nas grandes cidades os latões de lixo de restaurantes estão sempre abarrotados de restos de alimentos que poderiam matar a fome de muitas pessoas famintas nessas cidades.

Por mais espantosos que sejam os números apenas pelo desperdício, restos de comida têm outro efeito deletério: lançados nos aterros, alimentos em geral se biodegradam, mas em contrapartida produzem gás metano, um dos grandes responsáveis pelo efeito estufa (23 vezes mais danoso do que o gás carbônico). Uma maneira simples de reverter o desperdício seria o encaminhamento dos restos aproveitáveis para comunidades carentes, prática pouco usada.

Outra é a compostagem, como é chamado o conjunto de técnicas para transformar resto de comida em adubo, também pouco praticada - nos Estados Unidos, a reciclagem de alimentos por este e outros métodos é de 2% do lixo total.

Depois desse relato, pense bem antes de deixar a sua comida no prato. Coloque somente o que for realmente comer no seu prato, evitando assim o desperdício. Afinal existem muitas pessoas que não tem o que comer e não desperdiçariam nem um grão de arroz.

Fonte: Bydlowski, Lizia. Retrato da Indiferença. Seção Lixo. Site Planeta Sustentável

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Sol cada vez mais forte

Por Tatiani Coimbra (M00018)

Este artigo de Achim Steiner (Subsecretário-Geral da ONU) trata a respeito do uso da energia solar e de como a Economia Verde irá se tornar realidade até 2015, o que não só aumentará a qualidade de vida como os negócios também.

Sol cada vez mais forte

Até pouco tempo atrás, muitos zombavam da ideia de uma economia verde. Mas os enormes avanços em áreas como energia solar mostram que ela está ganhando força, impulsionada por preocupações ambientais e por novos negócios.

Em apenas dois anos, a ideia de uma economia verde, com seus vínculos com o desenvolvimento sustentável e a erradicação da pobreza, passou de tema interessante a um dos dois assuntos principais da próxima Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Muitas pessoas podem se perguntar se economia verde é apenas uma expressão agradável ou um caminho genuinamente novo para um século 21 sustentável, com baixas emissões de carbono e utilização eficiente dos recursos naturais. Será o abandono real dos modelos de desenvolvimento do passado que seus defensores proclamam ou mais um caso de novas roupas ambientais do imperador?

A resposta talvez possa ser encontrada em algumas extraordinárias mudanças em curso no setor de energia em todo o mundo. Muitas pessoas ainda zombam da ideia de que a energia solar possa ser algo além de um nicho de mercado para entusiastas ou um dispendioso elefante branco, exaltado excessivamente por ambientalistas ingênuos. Em 2002, um fundo de private equity estimou que as instalações de painéis solares fotovoltaicos poderiam ter capacidade de 1,5 gigawatts em 2010. Na verdade, 17,5 gigawatts estavam instalados em 2010, 130% mais do que em 2009. E as estimativas são que as instalações de novos painéis aumentaram ainda mais em 2010, elevando a capacidade global para cerca de 50 gigawatts — o equivalente a cerca de 15 reatores nucleares.

Tudo isso está ocorrendo não apenas em economias desenvolvidas, como Alemanha, Espanha e Estados Unidos, mas também em países como Bangladesh, Brasil, China, Índia, México e Marrocos. Segundo uma estimativa da consultoria IMS Market Research, mais de 30 países integrarão essa emergente revolução solar até 2015.

Nada disso surgiu por acaso. Alguns países mudaram logo para adotar a dimensão de energia de uma economia verde e introduziram as políticas públicas e os incentivos necessários. Uma capacidade industrial considerável foi acrescentada, reduzindo à metade os custos nos últimos dois anos. Aliás, os preços dos painéis solares devem novamente ter caído pela metade em 2011. Os painéis estão rapidamente se tornando uma alternativa atraente. Uma usina de energia nuclear pode levar de dez a 15 anos para ser construída; e uma usina de eletricidade a carvão, em torno de cinco anos. As usinas solares com capacidade de 5 a 10 megawatts hoje precisam de apenas três meses para passar do estágio de planejamento ao da construção. Com o advento de painéis inteligentes e preços determinados livremente pelo mercado, os painéis solares parecem bem posicionados para fornecer soluções rápidas e com amplas possibilidades de expansão.

A Agência Internacional de Energia calcula que, para haver acesso universal à eletricidade em 2030, serão necessários investimentos adicionais da ordem de 33 bilhões de dólares anuais no setor de energia. Parece muito dinheiro, em especial depois da crise econômica e financeira que continua atingindo muitas partes do mundo. Mas o investimento novo apenas em painéis solares ficou em torno de 89 bilhões de dólares em 2010. Investimentos multibilionários também foram feitos em novas fazendas eólicas, usinas geotérmicas e numa série de outras tecnologias de energia renovável.

Os rebentos de uma economia verde estão surgindo por todo o setor de energia, impelidos por preocupações com mudanças climáticas, poluição do ar e segurança energética — bem como pelo desejo de gerar novos tipos de setores competitivos que criem empregos. Eles também podem ser vistos no crescimento das indústrias de reciclagem na Coreia do Sul ou na maneira como a Indonésia está considerando as florestas em seu planejamento social e econômico. O desafio da Rio+20 é chegar a um leque de políticas para o futuro que possa ser mobilizado, em parte ou no todo, para acelerar tudo isso.

Na última sessão do Fórum Global Ministerial Ambiental do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente em Nairóbi, no Quênia, demos uma contribuição que é um marco para esse debate, com o lançamento do relatório "Uma transição para uma economia verde". O documento analisa como um investimento global de 2% do PIB mundial na economia verde poderia desencadear crescimento econômico e resultados sociais positivos, mantendo a pegada de carbono da humanidade dentro de limites sustentáveis. Em particular, as escolhas catalisadoras para dez setores — de agricultura, pesca e florestas a transporte e construção civil — são tão importantes para os países em desenvolvimento quanto para as nações desenvolvidas. E são tão importantes para as economias estatais como para as economias de mercado.

Sempre haverá os que sorriem ceticamente diante da simples menção da expressão "economia verde", desconsiderando essas mudanças de longo alcance. Já é hora de colocar os números na mesa e mostrar como os avanços na energia solar estão apenas começando a indicar que eles estão errados. Os ventos estão — felizmente — soprando a favor da sustentabilidade. Quanto antes todos acordarem para esse fato, melhor para nós.

Fonte: Steiner, Achim. Artigo do Especial Exame CEO – Rumo à Economia Verde. Seção Desenvolvimento. Planeta Sustentável

terça-feira, 1 de maio de 2012

O dia em que o Rio parou


Por Tatiani Coimbra (M00018)

A matéria da Veja do repórter Lúis Bulcão fala a respeito da ECO92, da criação da Agenda 21 e outros documentos principais. Mas vale a pena ler o que os líderes de 108 países decidiram e a posição dos EUA em relação as questões ambientais. Leia na íntegra abaixo:

Quando o Rio foi a capital do mundo

Por Luís Bulcão



O dia 11 de junho de 1992 amanheceu diferente. As ruas estavam ocupadas por 15 mil homens do Exército ostentando fuzis. Tanques foram posicionados ao longo de vias expressas. O espaço aéreo ficou restrito a voos oficiais e de rota comercial. As escolas suspenderam as aulas. O governo decretou ponto facultativo. Peças de teatro foram canceladas e emissoras de TV suspenderam gravações de novelas. O aparente estado de sítio foi a medida adotada para garantir a segurança dos 108 chefes de estado — presidentes, primeiros-ministros, emires, ditadores e monarcas das mais diferentes nações — que circulariam pelo Rio na ECO-92. Um decreto presidencial determinava que, depois de 62 anos, o Rio voltava a ser a capital do Brasil — pelo menos por alguns dias. Durante quatro dias, eles se reuniriam para definir rumos para uma sociedade global mais justa e sustentável. Era a última etapa das negociações travadas desde o dia 3 daquele mês por milhares de diplomatas e membros de delegações de 172 países em salas montadas nas dependências do Riocentro, na zona oeste da cidade.

Quando os chefes de estado começaram a desembarcar, os principais documentos a serem produzidos pela Eco 92 — A Convenção sobre Biodiversidade, a Convenção sobre Mudança Climática, a Agenda 21 e a Declaração do Rio — já estavam escritos e havia consenso sobre a maior parte do conteúdo. Mas alguns pontos fundamentais ficaram para a decisão dos líderes.

Pelo menos três questões contribuíam para as olheiras dos diplomatas, que entravam as madrugadas em negociações infindáveis. A primeira delas era o financiamento para os projetos ambientais da Agenda 21. O documento, que estabelecia diretrizes para as políticas internacionais rumo ao desenvolvimento sustentável, implicaria no comprometimento dos países desenvolvidos de atrelar 0,7% do seu PIB até o ano2000 a programas que promoveriam os esforços previstos na agenda. A proteção das florestas tropicais era outro ponto conflitante. Malásia, Índia e Paquistão, preocupados com a soberania de suas florestas e, principalmente a primeira, com o lucro das exportações de madeira, eram contrários a um documento que os limitasse. A terceira questão não deixava por menos. Os países travavam uma batalha — que perduraria pelos próximos 20 anos — para a definição de metas para reduzir a emissão de gases causadores do aquecimento global.

Enquanto os integrantes do então chamado G-77, o grupo dos países subdesenvolvidos, salivavam com a possibilidade de um acordo para o financiamento da Agenda 21 — a ONU esperava gerar por ano 128 bilhões de dólares com a medida — para investimento no terceiro mundo, detentor da maior parte da flora e fauna naturais, circulava pelas ruas uma limusine blindada de sete toneladas. Era o carro oficial do vilão da conferência, presidente dos Estados Unidos, George Bush (pai), em campanha pela reeleição. Bush ganhou a alcunha por ser contrário às principais propostas da Eco 92, visto como inimigo do meio ambiente. Naquele ano, ele acabou derrotado pelo democrata Bill Clinton – aguardado para a Rio+20.
Enfrentando um período de recessão em casa e encaminhando sua campanha para a reeleição Bush só veio ao Rio depois que seus diplomatas conseguiram retirar da Convenção sobre Mudança Climática todo e qualquer parágrafo que fizesse com que os americanos se comprometessem com metas ou dinheiro para a redução da emissão de poluentes. Para piorar a sua situação, o Japão, então a segunda maior economia do mundo, e a Comunidade Europeia (então com 12 países membros) comunicaram que iriam assinar a Convenção sobre Diversidade Biológica, deixando os EUA, maiores poluidores do planeta, isolados.

Bush não se comoveu. Dedicou-se, durante a conferência, a cobrar de países de terceiro mundo a preservação de florestas tropicais e repetiu que não se comprometeria com qualquer medida ambiental que afetasse a economia do seu país. Em discurso na cúpula, não demonstrou arrependimento: “Não é fácil ficar só por princípio. Mas algumas vezes, a liderança leva a isso”.

Em quatro dias, a cúpula de líderes não encontrou solução para as poucas — mas fundamentais — divergências e as concessões transformaram a conferência em um vácuo de ações concretas. Os países desenvolvidos não concordaram com a meta de atrelar 0,7% do seu PIB para projetos ambientais até2000. AConvenção sobre Biodiversidade ficou sem a assinatura do detentor da maior indústria biotecnológica do mundo, a americana, que via o acordo como uma ameaça à propriedade intelectual. A Convenção sobre Mudança Climática incluiu os Estados Unidos, mas não estipulou metas e não contou com compromissos jurídicos. As ações efetivas das convenções foram deixadas para acordos futuros a serem realizados em conferências dos países signatários — o que se provou ineficiente, pois metas para emissões de gás e acordos biotecnológicos concretos ainda não entraramem vigor. Ainda, sob o lobby dos países liderados pela Malásia, o que era para ser a convenção sobre a proteção às florestas virou uma mera declaração de princípios.

Nem a iniciativa da Comunidade Europeia e do Japão  de investir aproximados 10 bilhões de dólares em projetos ambientais, muito aquém do valor necessário estimado pela ONU, nem o anúncio unilateral de última hora de alguns países em direção ao estabelecimento de metas para reduzir emissões de gases fizeram muito para amenizar a impressão de que a Eco 92 não passou de um compêndio de boas intenções sem compromissos práticos.

Mas as intenções em si já eram históricas. Vinte anos passados da Conferência de Estocolmo, que deu início ao diálogo internacional em relação ao meio ambiente, as ideias estavam amadurecidas. O Relatório Brundtland, ou Nosso Futuro Comum, publicado em 1987, foi um documento chave para a conscientização mundial em torno da preservação e utilização adequada dos recursos da Terra. Era a pedra fundamental para a aceitação do conceito de desenvolvimento sustentável.

A Eco 92 sacramentou a ideia. Pela primeira vez, o comprometimento político internacional em torno do tema foi formalmente atestado em dois documentos da conferência, a Declaração do Rio e a Agenda 21. Através deles, os governos admitiram que as políticas de hoje deveriam se preocupar de forma igual com as gerações presentes e futuras. Reafirmaram a importância da proteção à atmosfera, às florestas, à biodiversidade e aos ecossistemas. Admitiram a necessidade de uso sustentável dos recursos naturais, do solo, da água doce, dos oceanos e dos mares. Declararam fundamentais o combate à miséria e o controle demográfico.

Para quem esperava grandes iniciativas que colocassem tudo isso em prática, o encontro do Rio acabou sendo mais coerente com o ritmo lento dos mecanismos da ONU do que com a urgência reivindicada pelas previsões catastróficas mais radicais. Mas a ideia estava lá. O mundo poderia ser exatamente o mesmo quando os aviões oficiais decolaram do Rio, devolvendo à cidade sua rotina de insegurança e desigualdade. Mas pensava diferente.

Fonte: Revista Veja